Seguidores

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Só um lembrete de Quintana

'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia,
outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'
Mário Quintana

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Homem e mulher num misto de anjo com porco

"Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós, que ri quando o outro cai na calçada?" Lya Luft.

Luft, escritora, trouxe uma boa discussão nessa matéria ao questionar, a capacidade do ser humano para a sordidez, a humilhação do outro, o mal. A tendência para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. Para a destruição, não para a criação. Para a morte, não para a vida.

A autora questiona quem é esse que aguarda a garfe alheia para se divertir? Que fica feliz diante da desgraça alheia? Se o outro é traído pela pessoa amada, consola-o falsamente, mas espalha isso depois aos quatro ventos.

O porco em nós fala muito mais alto, quando damos mais ouvidos ao comentário maligno do que ao construtivo. Quando desgostamos tanto do outro que não lhe acolhemos a felicidade, algum tipo de reconhecimento ou sucesso. Quantas pérolas são ditas como "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, botox e quanto lipo...".

Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem?

Essa coisa em nós sufoca o anjo quando detestamos o bem do outro. Quando atiçamos sobre alguém desconfianças e suspeitas. Como pode este se dá bem, ver seu trabalho reconhecido, ter aplauso e admiração. Quando reforçamos essa falta de talento.

Queremos a fogueira, cheirar fezes, causar medo, provocar sangue. Apesar de nem todas as pessoas agirem assim. Mas a maioria de nós tem mentalidade de porco, ah!, isso tem. Pessoas covardes, medíocres com um inimaginável e poderoso monstro dentro de si.

Nem todos conseguem domesticar isso. Como se pode ser um profissional honesto, bom pai, filho amoroso, sendo um caluniador, por exemplo. A sordidez e a morte cochilam em nós.

Luft, não acredita que somos bonzinhos que só por acaso destilamos nosso fel feito de palavras ou aço. Esses traços de sordidez e perversão animam o porco, violento e covarde fazendo chorar o anjo em nós. Aí, só resta dizer oinc! oinc! Abraços.

BIBLIOGRAFIA

VEJA, revista. A sordidez humana. Editora Abril, ed. nº 20, pag. 24, 2009.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

As sete mulheres no inferno

Imagem retirada da internet
Texto de Sheila Fonseca/exclusivo do blog
Numa noite qualquer em que se agradece a Deus pelo dia. Débora resolveu recitar o salmo 23 e quando chegou ao trecho: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam”. Parou e perguntou: - Como seria andar pelo inferno sem medo? Neste dia Débora sonhou.
_______________________________________ Desceu num lugar, onde as águas são escuras, não se sabe o que tem no fundo. Débora conseguia caminhar sobre estas, sem dificuldades. Em seu redor havia um navio antigo com pedaços de madeiras espalhadas. Este servia de abrigo e prisão para muitos homens que estavam ali há muitos anos dentro daquele convés.
_________________________________________
Homens de físico forte, aterrorizados, indefesos e sujeitos as mais diversas barbaridades do local. Fediam a sangue, lama e dor. Uma força atrativa os prendia naquele lugar. Algo muito inferior num misto de aracnídeo, besouro com pêlos de tamanho maior que o normal tomava posse daquelas águas sombrias.
_________________________________________ A fome, loucura, frio, cansaço chegara no seu ápice. Um dos homens lembrou-se de uma história de fé que lhe contaram na sua infância. Sem saber sua mente se ligou as das seis mulheres mais lindas que alguém poderia ver naquele ambiente fétido.
_________________________________________ Nessa noite aconteceu um verdadeiro resgate daqueles homens. Uma batalha iria acontecer pela libertação deles, se fosse preciso. Elas trajavam roupas especiais: botas de guerreira, vestidos, armaduras, lança e redes na mão. Tinham cabelos compridos envoltos a uma fita e uma coragem de fazer tremer qualquer homem. Se posicionavam em círculo para evitar ataques. Tinham um tempo para entrarem e sair dali. Todas estavam protegidas por uma força que servia como escudo invisível. Nada poderia machucá-las ou contaminá-las. Andavam sobre as águas também.
_________________________________________ A besta ficou paralisada, sem nada poder fazer para impedí-las, embora ameaçasse atacar. Estavam sempre atentas, não baixavam a guarda nunca. Nesta noite todos foram levados para um lugar melhor. Para eles eram deusas, para Débora eram uma espécie de arcanjos. Débora desceu ao inferno, sim. Contudo, não viu só o mal, mas a presença e força do bem.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Blogueiro e texto. Dois em um.

No poema de Lêdo Ivo, já no primeiro verso ele fala que escrever é expressar-se. De fato não temos nem como discordar. Pelo texto exprimimos nossos conhecimentos, pensamentos, sentimentos. Quando vamos fazendo a tecitura de um texto nos lembramos das coisas, pessoas, histórias, ciências de tudo que puder encadear nossas idéias. Isso entra na memória que eterniza o que escrevemos.
_______________
Certas pessoas escrevem para atiçarem lutas de classe, outras para melhorarem a nossa sociedade, outras para ganharem a eternidade nos livros de literatura, outras só para conseguirem honrarias e posições. Os melhores segundo Lêdo são aqueles que escrevem pelo prazer de escrever. Estes têm sempre algo a mais para dizer, tocam nossos sentimentos, arejam nossa razão.
____________

Quando estamos expondo a escrita precisamos ter em mente que escrevemos para alguém. Este vai ler nossas idéias em outro lugar pelo qual nem sempre poderemos manifestar-nos. Nosso leitor fará a leitura de acordo com sua bagagem, pontos de vista, circunstâncias e os seus propósitos. Nossos pensamentos podem ser entendidos de outra maneira, sim. Daí, porque o texto deve ser um todo, um conjunto de palavras que formam sentido. É o autor quem sempre anima a idéia do texto. Isso pede treino e alguns aspectos da linguagem que serão tratados em outro momento aqui.

__________________
O texto atinge seu ápice quando possibilita a interpretação e reflexão. Quem escreve deve selecionar "o que vai dizer" e "como fazê-lo". Nada de escrever de qualquer jeito. Lembre-se seu texto tem uma função comunicativa. É uma atividade que compreende uma espécie de "projeto de dizer" da parte do autor. Nosso leitor não é passivo, ele interage com o texto que lhe serve de "lugar" para uma gama de implícitos dos mais variados tipos. Identificamos isso quando produzimos um texto que aborda o contexto sociocognitivo do leitor. Mãos à obra. Abraços!
Texto adaptado por Sheila Fonseca
BIBLIOGRAFIA
KOCH, Ingedore. Desvendando os segredos do texto. Editora Cortez, ed.5º, São paulo, 2006.
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Editora Parábola, ed. 1ª, São Paulo, 2003.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

De deusa, linda, fonte de mel à cachorrinha, tchutchuca, atoladinha. Cadê o romantismo?

Década de 30 "Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa! Do amor por Deus esculturada. És formada com o ardor da alma da mais linda flor, de mais ativo olor, que na vida é a preferida pelo beija-flor...."

Década de 40

"A deusa da minha rua, tem os olhos onde a lua, costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho, que o sol num dourado sonho, vai claridade buscar"

Década de 50

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela a menina que vem e que passa, no doce balanço a caminho do mar. Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O teu balançado é mais que um poema. É a coisa mais linda que eu já vi passar."

Década de 60

"Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito não é maior que o meu amor, nem mais bonito...”

Década de 70

"Foi assim... como ver o mar...a primeira vez que os meus olhos se viram no teu olhar...Quando eu mergulhei no azul do mar, sabia que era amor e vinha pra ficar..."

Década de 80

"Fonte de mel, nos olhos de gueixa, Kabuki, máscara. Choque entre o azul e o cacho de acácias, luz das acácias, você é mãe do sol. Linda sabe viver você me faz feliz...."

Década de 90

“Agora vem pra perto vem, vem depressa vem sem fim dentro de mim que eu quero sentiro teu corpo pesando sobre o meu vem meu amor vem pra mim,me abraça devagar,me beija e me faz esquecer".

Ainda na década de 90 Bota a mão no joelho. E dá uma abaixadinha. Vai mexendo gostoso, balançando a bundinha. Agora mexe vai, Mexe, mexe mainha. Agora mexe, Mexe, mexe lourinha. Agora mexe, Mexe, mexe neguinha. Agora mexe Balançando a poupancinha.

Em 2001 "Tchutchuca! Vem aqui com o teu Tigrão. Vou te jogar na cama e te dar muita pressão! Vem... “Vem Tchutchuca! Linda, senta aqui com seu pretinho vou te pegar no colo e ti fazer muito carinho...

Em 2002 Abre as pernas, faz beicinho, vou morder o seu grelinho....Vai Serginho, vai Serginho....

Em 2003

"Vou mandando um beijinho. Pra filinha e pra vovó. Só não posso esquecer. Da minha Eguinha Pocotó Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó. Minha eguinha Pocotó!Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó. Minha eguinha POCOTÓ...."

Em 2004 “Ah! Que isso? Elas estão descontroladas! Ah! Que isso? Elas Estão descontroladas! Ela sobe, ela desce, ela da uma rodada, elas estão descontroladas! Ela sobe, ela desce, ela da uma rodada, elas estão descontroladas!...”

Em 2005 “Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bunda lele!!! Hoje é festa lá no meu apê, tem birita até ao amanhecer”

2006 “Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha!!! Calma, calma foguetinha!!! Piriri Piriri Piriri, alguém ligou p/ mim, Piriri Piriri Piriri, alguém ligou p/ mim !!!”

Ainda em 2006 Vai dá tapinha na bundinha. Vai que eu sou sua cachorrinha.Vai que eu tô muito assanhada. Vamos da uma lapadinha só se for na rachadinha.

Oh, my god! Não é à toa que o romantismo está cada dia mais distante das pessoas. Não precisa ser um grande poeta como foram os da 1º, 2º e 3º geração romântica no Brasil. Daí, a tratar alguém ou algo como "cachorinha", "assanhada", "foguetinha", "descontrolada", "grelinho", "bunda lele" é estimular a infidelidade, hein?!. Depois não reclama. A música tem o poder de extrair as coisas boas e ruim das pessoas. A escolha é livre, mas a colheita é obrigatória. Sem amor, tudo fica muito pequeno, pobre, incerto. Pense nisso. Abraços! Sheila.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

No caminho com Maiakowski

Na primeira noite eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim e não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

____________________

* Os versos acima são, tradicionalmente, atribuídos a Maiakowsky, embora muitos garantam que essa atribuição não é verdadeira, fazendo parte de um poema do brasileiro Eduardo Alves da Costa.

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin